Trajetória

Tenho vagado tão lentamente por este chão,

Há momentos em que não me reconheço –

Não sei com quem pareço,

Na tentativa de me conhecer na ancestralidade.

A cor da minha pele branca,

Em nada quer dizer.

A alma repleta de melanina,

A mulher de agora, a mesma menina.

A voz embargada na garganta,

A mente navegando no veleiro.

Logo à minha frente, forte nevoeiro,

Prejudicando a minha visão.

Por onde devo seguir –

Nessas águas turbulentas?

O senhor destino –

Levando-me para onde não sei.

O anseio por liberdade,

Voar pela imensidão do céu,

Feito um papel ao leu.

Os pés no chão –

Tropeçando pelos caminhos,

A cabeça em certo desalinho.

Pessoas falando sem cessar...

A quem devo ouvir?

Em quê se espelha a verdade?

Tão incoerente –

Quanto as suas palavras.

Acredito que o verdadeiro,

Encontra-se no simples –

Na magia –

Onde menos desejamos encontrá-la.

O meu tímido coração,

Congela-se na arbitrariedade.

No descompasso –

Pela falta de cuidados.

Mas sei –

Aprendi a ser forte o suficiente,

Para aguentar as tormentas.

Os joelhos machucados,

O coração sangrando,

Não é fraqueza -

É a humanidade latente no ser.

Atravessando a linha do tempo,

Vivenciando o diferente.

Na alma a essência vibratória,

Ressonância nas pontas dos dedos.

Não posso ter tudo o que desejo,

Sem alguma permissão.

No entanto, o que eu sou,

O que sempre tive vontade –

Transcende no cerne.

Alimentando-me da fonte certa,

As ideias vazias deixadas de lado -

Ouvindo sem dar importância.

Cada um trás uma verdade consigo,

Ou se apaga para viver a margem do outro –

Perante a manipulação.

Trago uma autenticidade própria,

Posso parecer sozinha –

Mas tenho a certeza de que nunca fui.

Há algo mais forte e grandioso,

Acompanhando-me –

Livrando-me no momento certo.

E é nEle que preciso acreditar,

No fim de tudo –

Mais uma trajetória será vencida.

Não me desvencilhando –

Daquilo que sempre fui,

Na total plenitude de meu âmago.

Cada um tem o porquê e a razão por existir –

Basta acreditar!

***

Blog Poesia Translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 22/05/2022
Código do texto: T7521365
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