Tua pele é letra, teu corpo, poesia…

Sempre fui assim:

eu olho e permito-me atrair;

eu guardo e procuro me aproximar;

eu conheço e decido se vale a pena me apaixonar.

Muitas vezes, a gente entra numa livraria e não leva o determinado livro da capa que impressiona, do prefácio que gera interesse…

Mas o cheiro das páginas e o desejo de abrir e folhear permanece na memória.

Não, não estou associando pessoas a objetos, mas sim a perspectiva representada.

A melhor parte dos relacionamentos e, também, dos não-relacionamentos é, exatamente, esta visita à livraria dos desejos, das intenções idealizadas, do imaginar das emoções e ações que ainda não foram consumadas.

E, por falar nisso, há sempre algum livro em que anseio, imensamente, mergulhar, destrinchar página por página e saborear cada linha nestas mesmas entrelinhas que escrevo, agora.

Sempre existe alguém que é o livro pretendido de outro alguém. E, sem reticências, eu posso afirmar: quando o livro me interessa de verdade, me torno a mais exímia das leitoras.

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 18/05/2022
Reeditado em 19/05/2022
Código do texto: T7519113
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