nada que vivi me preparou para você
mil planos engatilhados, prestes a explodir na cara de quem se aproximasse. viver sempre foi catarse do lado de cá do rio, mas controlada, nos limites que me cabiam. te ver pela primeira vez foi além das expectativas, assim como te tocar. pensei estar pronta para o momento que o famoso amor batesse na porta e quisesse entrar. numa manhã de domingo ele atropelou as dúvidas, me vi de mãos atadas num chão frio esperando por um sinal.
ninguém me disse que as borboletas iriam querer tanto voar para fora que pareceriam furar as camadas de pele toda vez que você dissesse “adeus”.
e você disse algumas várias vezes.
intermitentes sempre fomos, o que ouvi dizer ser a causa de todo o terremoto causado por suas presenças furtivas. amar você era ligação na madrugada sem aviso, encontro noturno sem propósito, música lenta sobre saudade cantada sem acompanhamento.
nada que vivi me preparou para você chegando do nada e batendo a minha porta, cheio de novos conceitos a aprender. na cara e na coragem, de peito aberto, me joguei na desorganização que te guiava e me permiti sentir o peso da incerteza. contigo, aprendi que “talvez” poderia ser resposta, além de ser pergunta.
você partiu e novamente me vi de mãos atadas num chão frio, sem rumo, me preparando para quando voltasse.
nada me preparou para a sua chegada,
logo, nada poderia me preparar para a sua partida.