Miudezas

Saio e pelos caminhos vou colhendo miudezas das coisas.

Parece estranho, mas o silêncio habita o fundo dos gritos.

É que o primeiro é espera e o outro é súplica.

Observo as ferrovias com seus dormentes intercalados sob os trilhos, tais quais folhas de partituras infindas, por onde as locomotivas e vagões solfejam canções de idas, deixando refrões de saudades.

Nos rostos das pessoas vejo todos os sorrisos, esperando tão somente as ocasiões especiais para se estamparem.

A manhã despontou serena tal qual fantoche que o sol segura com suas cordas douradas. Todos os movimentos, das coisas e dos seres, se fazem pelas necessidades que as horas e os compromissos demarcam.

Pego poemas pelas avenidas, com cheiro de madrugada deixado na soleira das portas dos bares. E nos cantos quietos das calçadas, fico olhando o lixo que se deixa tocar pelo luxo das brisas matinais. Tudo na vida tem um tanto de uso e outro tanto de desperdício. Como doem as sobras da gente quando esquecidas!

Sigo. As ruas se irrigam de gente, para as pulsações apressadas dos labores se concretizarem na mesma rotina diária.

Takinho
Enviado por Takinho em 16/05/2022
Reeditado em 28/12/2023
Código do texto: T7517696
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