sorriso de leite
O final é começo. O que é hoje pode ser amanhã em algum lugar. Os sorrisos de leite são como um cordão umbilical. Qualquer rito é uma passagem. As coordenadas geográficas, linhas imaginárias, fusos horários modificam o tamanho das coisas e colocam em perspectiva a oblíqua vida banguela. Mudar de continente, de hemisfério, de lugar, desvendar mistérios, criar asas e sobreplanar para se ocupar. Ver o que se é para estar perto mesmo longe. Ruídos de fundo de um vento que bate nas casuarinas lá fora. Os dentes de leite são condensados. Os dias no calendário amarelo perderam o sentido pálido. O calendário perde o sentido impávido e sucumbe os dias semanas em meses. Impérvios, que importância podem ter números nas folhinhas remelas? Tantas folhas ao vento umbrento e eu a catá-las em rosas abertas, brancas, vermelhas rubras nas ruas. Despetalar sem pressa suspendendo o suspiro. Pensar rosas de leite. Aguar o amado, o armado, o amargo imundo. Dizer sim ao mundo que nada num poço, um buraco sem dente, sem nexo, aberto e sem fundo.