Dos filhos
Entre uma cerveja e outra com amigos, todos já beirando os 40 tocaram no assunto:
“Cara, Filhos? não quero! é muita responsabilidade” não que não fosse responsável
Tinha emprego, uma vida estável, até achava que seria um bom pai, mas simplesmente a resposta era não. “E se sua esposa quiser ter um?” questionou, um dos presentes.
Mas ele com tal idade nem em se via casado ou tinha pensado sobre, que dirá sobre filhos. Os amigos que estudou junto já estavam no segundo, terceiro filho, bem casados, carro na garagem e toda aquela vidinha mais ou menos que todos tem. O que não fazia sentindo e ainda não faz na cabeça dele é essa obrigação da sociedade que você precisa nascer, casar, procriar ou escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Caras como nós não deveriam envelhecer nunca, não deveriam se preocupar em casar, deveriam ser eternos irresponsáveis.
Mas a vida cobra e o preço é alto quando se chega na velhice. Talvez ele mude, esse poema mude, o mundo mude, o Brasil mude e ele decida ser um bom pai. O problema é que talvez ele não soubesse como fazer pois nunca teve a figura paterna. Mas é justamente a certeza que jamais erraria e certamente seria decepcionado que faz com que novamente diga não a continuidade do seu sobrenome.