Tão longe
É preciso ir... e entregar-se às vontades seja do que for,
sentar-se no balanço pendurado num galho da alma, fechar os olhos,
desatar as amarras que aprisionam, e atravessar descalço
os caminhos repletos seja de flores, pedras e de matos,
com folhas para todos os gostos, admirar o mundo verde, sentir o cheiro de vida,
em cada plantinha rasteira, coqueirais, ipês, palmeiras, ou bananeiras,
colher alguns galhos que excedem, das flores de laranjeira para voltando,
no jardim da solidão, o amor deixar florescer, quando os sonhos plantar.
E pensar distante, meditar, maior que a distância é a vontade de chegar ao outro lado,
é lá que a vida tem mais cor, nos sonhos viajar, deles voltar ou não,
sabendo não poder por muito tempo ficar! os sonhos são os próprios balanços no vai e volta,
assentam-se os pensamentos, ouvindo as súplicas da alma, tantos outros caminhos, não,
esses que busco, que me carregam o mais longe que puder, pelo chão e pelo ar,
a nossa alma amando, sabe onde tão longe, nos levar! E é preciso sempre ir,
mesmo que nunca consiga os seus desejos realizar, no balanço do tempo, é que nossa essência
faz com que nos transportemos em pensamentos, e sem querermos de repente num relance
nos encontramos onde nem imaginávamos chegar, quando retornamos, a nossa ilusão foge
à realidade, e a sensação que sentimos é que era preciso sim, termos ido, sabendo que se os sonhos
fossem somente um desejo da alma só um tantinho assim, renovar-se, e longe do amor,
outra vez saber ter amanhecido, no desejo de com ele ficar. Ele que mesmo tão longe,
amo como um dia jamais a minha alma soube amar.