Cinza
Em minha trajetória na escrita, fui lentamente percebendo o quão mais simples é traduzir em palavras o absoluto. O tudo e o nada, o bem e o mal, a morte e a vida. Empregar palavras como "eterno" e "infinito", "sempre" e "nunca", com a ferocidade e a sanguinolência de um jovem revolucionário, tão cheio de amor quanto cheio de ódio em seus rompantes idealistas.
Não é tão difícil escrever sobre o preto e o branco.
Difícil é escrever sobre todo o resto. O Cinza. O que mora nas entrelinhas: o banal, o duvidoso, o incerto. O humano.