Eterno Retorno
Rotina
Trabalho
Dinheiro
Três da manhã
A vida que cedo matina
Atina o rosto no espelho
Perdido, metade, inteiro
Travesseiro, banheiro, sabor de hortelã
Mente pesada não acha
A causa exata da chaga
Se vive, se morre, se mata
Se fica, se foge, se casa
Nessa equação
Tem tantos fatores
Que os produtos finais
Não passam de dores
Complicação
Que busca sinais
No corpo no colchão
Em sonos sem sabores
Olhos fixos
Em telas estáticas
Felicidade monocromática
Em um molde de falácias
É boleto realizado
Sonho pendente
Conta paga
Dor de dente
Lembrança difusa
Ideia irresoluta
Quanto mais se labuta
Menos se desfruta
Segue-se a luta
Se fala, se escuta
Se cala, se enluta
Se fecha, se frustra
Não sabe se os "ses"
Acabam em si mesmo
Se fala sobre si
Ou sobre seus erros
Matuto matuta
Escolhas astutas
Quer estar aqui
Ou quer um enterro?
É piso
É porta
É janela
É tinta
É cimento
Aquarela
Sonhos altos
Salário baixo
Pequenos prazeres estendidos
Em parcelas
É tanto penar
Sem hora pra acabar
Que já não se sabe se a vida
É realmente assim tão bela.