VOLTANDO NO TEMPO
E o Sol nasce em meu realengo,
distante do mundo...
À beira de um riacho,
sinuoso e sonolento...
Seus raios indiscretos,
atravessam as frestas da janela de Jacarandá...
Reflete ondas sinuosas,
na parede caiada da cozinha...
Refletidas através da água,
na gamela de Jatobá...
Que em cima da mesa,
amanhece cheia d'água da chuva...
Aparou a goteira,
da telha de barro,
do telhado, quebrada,
que há um ano trincou...
O reflexo tão claro,
me ofusca os olhos...
Lembra-me da chuva,
que na madrugada tombou...
Me refaço e espreguiço,
ponho a água no fogo,
meu café vou coar...
A água da gamela é pra serventia,
pro café ponho da bilha,
que na fonte fui buscar...
Lá na fonte tem a bica,
onde lavo o coador,
e também vou me banhar...
Depois do café,
chamo os bichos,
tem porco,
tem cabrito,
tem galinha,
pato e passarinho,
tudo pra eu tratar...
Depois de um dia de trabalho,
na roça e na horta,
enxugo o suor da testa,
sento na pedra da porta,
pra um pouco descansar...
Dai a pouco cai a tarde,
o Sol vai se pondo,
sonolento atrás da laranjeira...
Onde um sabiá,
agradece a Deus,
por mais um dia, a gorjear...
Se vai a tarde sertaneja,
em seguida a noite faceira,
então me ponho a relembrar...
Me ligo no pensamento,
vou “voltando no tempo”,
lá no shopping vou parar...
Em nosso primeiro encontro,
deixo a mente viajar...
Nosso amor era tão bonito,
nos tempos de outrora lá na cidade,
me traz recordação...
Me bate uma saudade danada...
Então pego na viola,
e a lua pra uma prosa...
Na companhia dela,
me ponho a cantar,
com o pinho afinado,
vou ponteando uma canção,
pra saudade espantar..!
Bene - 15/10/2016