O peso do nada
Estou cansada em demasia
Antes fosse somente o corpo
É um cansaço letárgico dia dias
Uma frieza que me toma, um desgosto
Tenho tentado forçar risos
De tão escassos, sinto a face ranger
Tem sido um esforço desumano
Não deixar min'alma abater
Nem lágrimas rolam mais
Já nem sei se caminho,
Na mesmice do que não sinto
Apenas o torpor prevalece
Em nada a vida enaltece
Estou num estado embotado
Inconsciente em meu próprio cerne
Nem avançando mais um passo
Apenas consentindo
Sob o peso do nada
Arrastando correntes
Querendo parar, respirar
Chorar como uma criança
Desfazer os nós desta apatia
Livrar-me deste fardo de desesperança
Mas estou perdendo esta luta contra o tempo
Ele sim vai avançando,
E eu anuindo
De semblante abatido
Procrastinando
Um extremo cansaço,
me vencendo
O nada impondo seu enfadonho espaço
E eu cansada, arrastando esse peso imenso
O nada é tudo que tenho.