Do que acontecera no túnel do tempo

Inamano e os outros dentro daquela tela plana, não restava outra opção para Namarayo: entrar também naquela tela. Lá foi.

Deparou-se com um túnel, parecido com aqueles que conduzem os mortos. Se aliviou ao não encontrar ali Anubis, o chacal dos mortos. Pensou em se matar. Hesitou. Mais uma vez travava uma luta contra si. - Seu estúpido! - Ouve vozes, vozes que outrora lhe fizeram marcas como dos açoites dos negros curvados ao pelourinho. Ahhh, o açoitador, ou melhor, os açoitadores, eram seus familiares. Não dá pra apontar este ou aquele familiar, todos eram igualmente brutos com o então menininho. Ao se lembrar disso tornava-se um menino outra vez. Passou. Foi embora. O que lhe perturba agora são imagens, as vozes passaram, vozes imperativas. Tateando, de um lado para outro, como no escuro, ou como alguém que acabara de ficar cego; tapeia e esmurra o ar. Vê coisas que não estão lá. Coisas... genérico demais, quis dizer seres vivos: primeiro vê uma girafa, lembrou-se de Lamarck; uma cobra, lembra-se da narrativa bíblica; e, por último vê uma esfinge. Aliviara-se, não viu nenhuma figura antropomórfica com cara de lobo. Estava vivo. Precisava de mais evidências, afinal o lobo podia surgir do nada. Tocou no peito; leve desvio esquerdo saindo do esterno. Tu... tuco, tu... tuco. Método científico que fala, só mais uma, pra esmiuçar a dúvida. Não havia balança. - Ufa!- pensou, o Grande Químico. Mas e quanto a esfinge. Lembrou-se de Édipo e a esfinge. "DECIFRA-ME OU DEVORO-TE". Édipo decifrou, mas e quanto a ele, seria devorado?

Geovane Oliveira
Enviado por Geovane Oliveira em 18/04/2022
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