Do que ocorrera antes da cela gasosa
Perdido numa mata, na zona rural do terreno da Abelha Preta, Namarayo se encontra fadigado e em lutas contra seus instintos animalescos que insistem se expressar. Negava-se a crer que todos os pensamentos dos livros de Psicologia aplicava-se a ele naquele momento. Sempre fora resistente em aceitar qualquer conhecimento oriundo de tal ciência, ainda mais depois de ler algumas coisas sobre as experiências de Pavlov, que concluia, na perspectiva do nosso aventureiro, que os homens eram quase animais. - Não, não somos animais - , dizia ele com tom de empoderamento. Criava teses vazias que tentavam justificar seus diversos achismos. - Que vontade de comer Inamano- pensava, mas logo balbuciava a cabeça, talvez numa tentativa tola de conter seu instinto controlado pelo Gene Egoista que há em todos os seres vivos quando a existência é posta à prova. Quase sádico, lutando contra as leis da biologia, Namarayo, Inamano e os viajantes encontram um pomar e um vinhedo. Namarayo exulta, grita, saltita, tal como um cão no retorno do seu dono ele está extasiado. Ele havia vencido o duelo contra a mente e não precisaria comer Inamano. E enfadou-se a comer.
Com suas barrigas cheias, seguem viagem. Um infortúnio. Namarayo comera tanto que proporcionalmente vomitava. Passado isso, avistaram, já num cenário caatingal uma casa de pau a pique com uma porta de metal. Ao vê-la, Namarayo corre gritando: " Deve haver gente, deve haver gente!" O grupo o segue. Uma antítese da emoção de Namarayo. Decerto que nosso fervoroso viajante, tal como o apóstolo que fora possuido, adentrou primeiro naquele "sepulcro vazio". - Vazia!- Ele gritou para o grupo ainda distante.