Não tenho família;
Não tenho amigos;
Não tenho ninguém;
Somente as estrelas do céu.
Olho para elas, e vejo que está longe...
Ah, eu queria tanto pegar uma
para guardar na minha caixinha
Engraçado, parecem que elas quer me dizer algo, mas não sei o que...
Piscam... piscam...piscam...na minha direção
Me diz tantas coisa  que não sei explicar

Eu escuto o vento;
Eu sinto a brisa vindo me calmamente me cobrir
É uma coberta tão fina e fria,
que me tremer, mesmo coberto com jornal...
A calçada é minha cama,
minha casa.
A chuva é meu chuveiro, minha fonte de beber água;
Mas de nada adianta,
eu não tenho roupa
cômo o que os outros me dá, ou pego naqueles baldes grandes que eles jogam
Uma vez até um pedaço de chocolate e outro daqueles lanches da Mcdanalds...
ou do chão – já peguei muitos doces...

“(Menino que vejo aí caído pela calçada,
em seus olhos leio isso:
‘Procuro calor humano, e só encontro rejeição,
Ou uma palavra amiga, mas, só escuto palavrão’)”

Às vezes tem umas moças e moços bons,
Mas aparece tão rapidamente que quando vejo, já foram embora.
Foram sem ao menos eu saber seus nomes,
Mas de ia adiantar, talvez, nunca mais os verei,
É melhor que seja assim mesmo.

Caminho pelas calçadas,
Passando por algumas casas, ao longe,
Onde vejo uma família,
O pai, a mãe, os filhos sentados numa mesa
comendo sorrindo
Ah... que vontade de estar lá também
Mas vejo que não dá...

“( Lágrimas brotam de seus olhos pequenino
A vida ninguém explica,
Muito menos o sofrimento
Pra tudo há uma desculpa...)”

então, continuo em meu caminho, e de repente, paro em frente de uma loja onde têm um                                                                                                                                                                                                                          monte de televisão...
Vejo passar nas televisão, sorvetes,
brinquedos,
roupas,
doces,
que nunc a comi...
Nunca tive uma
biscleta,
ou um
vido gaime,
trenzinho,
carrinho, tenho essas caixas de papelão...
Nunca saltei pipa com meu pai
nem sei quem é ele
Minha mãe, foi embora quando era novo...

“( Sim meu amiguinho você tinha dois anos,
ela foi-se, envolvida numa labareda de fogo,
onde uns jovens classe média, embriagados,
fizeram essa barárie...)”

Foi embora pr’um lugar, pra perto de Deus
Então, eu peço pr’Ele me levar também,
eu lembro dos abraços que ela me dava...
mas agora...............................................
...............................................................
Ele não me atende. Acho que num gosta de mim,
porque roubei um doce num mercado
Apanhei tanto, que nem ouç o mais de um dos lados do ouvido...

Olha um menino rodando pião
Nunca rodei um
brinquei de bolinha de gude,
fui naquele parque com meus pais
nem sentei naquele matinho do chão onde eles forra um pano e colocam coisas gostosas
Por que meu Deus?! Por quê?

Nunca fui pra escola, aprendi o quê um “tio” me ensinou,
eu queria escrever igual umas histórias que ele nos contava...

Eu sempre escuto as pessoa dizer palavras bonitas,
mas nem sei o que significa
“Inteligência,
Caridade,
Fraternidade,
Estúpido,
Ignorante,
Néscio”
Ah se eu soubesse o que elas significa, mais eu não sei.

Então eu peço para Deus, porque me falaram que Ele existe e é muito bom
Então eu peço pra que me dá
uma família
muitos amigos, pra eu poder brincar com eles
jogar bola,
soltar pipa,
bola de gude
conversar...

Peço a familia pra eu amar e eles me amar
poder ir na escola
ter uma cama prara dormir bem quentinho,
E não ficar mijando sem parar
para me esquentar ...

Não quero mais andar fedendo por aí
nem cheirando colar de sapateiro,
ou
aspirando a fumaças de umas pedrinhas que parecem sal grosso.

Não quero mais ser rejeitado,
ou desprezado
Não quero mais dormir nas calçadas,
beber águas, que escorre pelos cantos da rua,
comer comida do lixo ou do chão...

“(Sim, não quer mais ter somente o céu como o teto,
As estrelas como amigas,
A brisa como coberta,
O jornal como companheiro,
O mijo como aquecedor)”

Quero ser alguém,
ser gente, que nem uns
homens que passam aqui com umas roupas bonitas de pasta nas mãos
Meu sonho é usar uma roupa daquelas
Não quer o mais apanhar das policías,
nem ter que roubar dos outros
para comer,
ou ter que comprar aquelas coisas para cheirar
Ei Deus! Espero que o Senhor teja ouvido
esta coisas

“( que brotam de seu coração)”
Então, se o Senhor tiver ouvindo,
pode atender meu desejo depressa?
obrigado e amém
 
 
 
Agosto 1996 – 23/11/07
Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 23/11/2007
Código do texto: T749419
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.