Vagões

Mas tão claro quanto isso é que as minhas palavras somem comigo, reaparecem comigo, escondem-se comigo, sentem alegria e vergonha comigo, elas só sabem se ver nos meus exageros, e elas sempre, sempre deixam a desejar. Eu caio, mesmo, do vagão, eu fico suspensa na estrada eu fico suspensa na mata, eu fico suspensa no mar, eu fico suspensa em qualquer que for a paisagem em volta, quando eu entro no vagão de novo eu chego carregando muito mais bagagem que antes. Eu fiquei suspensa, lembra? Nas paisagens...fiquei catando ventos, terras, águas e fogos, fiquei catando o que me era natural. E são tantas quedas e tantas bagagens. Tantos vagões.