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Depois de perder as quatro dimensões do real, as janelas de alumínio tornaram-se ícones, como num ritual cotidiano de fila indiana tudo foi se convertendo, fugindo ao toque e caindo um por um num universo multidirecional, limitado à três cliques, dois para abrir e um para destacar.

As cabeças pensantes, falantes e interativas perderam-se numa total ausência de feições e poucas vocalizações, estava em curso uma espécie de abdução massiva ao desconhecido, dos quadrinhos enfileirados apenas dois caracteres tentavam expressar algo, nem sempre conseguiam e mesmo com a fala, pouco diziam, pouco sabiam e tudo temiam. Naquela cegueira branca não era possível sequer tatear as dúvidas outrora gritante nos semblantes deles, a única leitura era uma espécie de braile transcendental que com os dedos entrando e saindo do contato num conjunto de ritmados tec-tec-tecs do teclado.

Douglas era um daqueles simulacros de aluno presente no formato de mediação tecnológica.

Francisco Grandiel
Enviado por Francisco Grandiel em 12/04/2022
Código do texto: T7493320
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