Quero-me de volta II
Quero-me de volta!
Sentir o ápice das minha vontades
Correr solta como criança
A bailar com a lua sem hora pra o fim
Resgatar em meu eu a pureza dos versos
Sentir cada linda escrita,
chorar e sorrir de emoção a cada nova poesia
Adentrar em meu íntimo, redescobrir-me
Quero-me de volta, a tempos me perdi
As vezes sinto-me escapulir
Sinto a vida esvair-se de meu ser
Sinto a dormência do fim
Neste mar em fúria que navego,
Luto contra as marés que me engolem
Vejo-me Inconsciente matar meus versos
Vendo minha alma emudecer de fome
Indo a lugar nenhum, dormente à tudo
Sinto a lucidez tão distante, cegando minha visão
Como louca vagando em meu submundo
Tentando enxergar nesse limbo, piedade, absolvição.
Quero-me de volta!
Libertar-me desta prisão
Livrar-me desta opressão
Deliberar meu norte
Purificar-me das minhas danações
Exorcizar de mim essa quase morte
Ser quem sou, exposta aquém de reprovações
Quero em mim a inspiração que sempre foi explícita
Trazer à tona o tom, a verve visceral
Que rasga convenções, sacode a alma, alucina
A loucura tão minha, sem o ócio dito normal
Quero-me de volta à vida!
Transbordar, desnudar o verso que de mim eclode
Sem divagações, sem enigmas
Pior que essa morte em vida, é essa quase morte
Quero-me de volta em meus versos.