Atimia

Estou andando em círculos,

refém de tantos fragmentos

aprisionei-me em meu eu,

volteando e voltando aos mesmos pensamentos...

Pensamentos na pluralidade, tão meus

... um turbilhão, que entorpece meus sentidos

Como uma teia entranhada na memória

Perco-me em lembranças, nem tão longínquas

...lembranças tão presentes em cada canto da mente.

Vejo imagens felizes, hoje petrificadas em fotografias espalhadas nesta alma minha fragmentada

... eternizando um momento, um ponto cego, um tanto desbotada, essa a minhas lembranças desenfreadas

Olho-me de fora e vejo-me seguindo um caminho escarpado, rumo ao precipício inevitável

Quis tanto, almejei o tudo que hoje não vivo, que hoje não sinto, nem sei porque vivo ...

Olho-me distante, à ermo, não ouço, não vejo...às vezes sufoco e na ânsia de voltar...tento respirar,  escrevo...tento.

Até os versos me escapam, fogem, se escondem, dando outro rumo, num espaço estéreo, atímico

... já não conto mais os dias, eles passam sem que os sinta, nessa infinda e diária letargia.