Masoquismo
Eu luto para que cada molécula do meu corpo se afaste de ti. Combato cada sentimento formado e guerreio com cada hipótese que possa surgir em minha mente. Enfrento todos os meus desejos e sou palco diário da disputa entre minha razão e emoção. Não me permito ser levada por sensações, elas um dia passam e deixam um rastro de destruição. Como sei disso? Já vivi cada entusiasmo e cada cicatriz que essa mesma emoção me causou. Eu já me apaixonei e perdi o equilibro, já fiquei inquieta, aflita, ansiando um contato com a pessoa idealizada. Já proporcionei momentos que me deixassem sentir a euforia de todo esse sentimento, e eu sei como acaba. Um dia, ele vai embora e cada força do seu corpo vai sucumbindo, desaparecendo. Você vai dormir mal durante a noite com aquela angústia que parece habitar em seu peito causando tortura que lhe incomodará a madruga, e quando acordar ela vai está lá, aquela mesma dor, aquela tristeza tão profunda que você pensa que nunca mais vai ser feliz. Vão se passar dias e você continuará a sentir toda aquela aflição, todo aquele desamparo e se pegar metade do dia procurando notícias dele. Sua casa vai está suja, refletindo a bagunça que existe dentro de você. Sua vida vai espelhar como você se sente, irreparável e vencida. Serão dias para superar, e meses para que aquela dor vá sumindo e dando abrigo para pequenos momentos felizes. Você passará por recaídas, onde as lágrimas descerão silenciosas e você tentará manter vivas as memórias para não se render ao esquecimento, pois doerá lembrar, mas pensar em esquecer aflige pois significa deixar de amar. Talvez muitos queiram viver essa experiência diversas vezes, o ser humano tem a mania de ser masoquista, mas após esse meu ultimo ato de sofrimento, eu só pretendo me afastar de cada possibilidade de amar de novo.