Vela da Lua
Vivi anos me adaptando, talvez a vida inteira, procurando agradar, me enquadrar, socializar e ainda assim encontrar o amor em toda essa turbulência.
Socializei com muitas pessoas e até encantei muitas delas.
Me enquadrei em tantas situações e a ambientes que não me cabiam, mas insisti em fazer parte de todos os lugares que a vida ou a sociedade me empurravam e depois me descartavam.
Agradei minha família, muitas vezes os decepcionei, mas procurei agradar e mudar a mim mesmo pela aprovação alheia.
Achei que o amor era provar que eu podia ceder quantas vezes fossem possíveis, oferecer o que não podia pagar, dar tudo aquilo que eu mesmo não tinha, arrancar o meu sangue por quem não me daria nem um fio de cabelo.
Me entreguei aos prazeres da vida, como forma de esconder meu descontentamento. Fui louco para parecer normal em mundo esquizofrênico.
Por tantas vezes me calei pra não magoar quem eu considerava amável e por tantas outras fui crucificado por falar a verdade.
E por medo de perder e sofrer por amor, abdiquei da minha essência, da minha natureza, meu espírito e não vivi em mim mesmo.