O meu querer
Dos olhos dela pendiam estrelas que caíam em brilhos nos meus olhos cheios de céus... Era quando a gente se mirava e, em silêncio, nos deixávamos poesia e prosa pelas ousadias que os desejos permitiam e despudoradamente incitavam. E então fazíamos amor.
O mundo era mesmo distante quando residíamos somente em nós.
Quão bonitos são os desertos, quando os mananciais pingam da esperança da gente! Quão rasos são os mares, quando construímos o cais na beira de nós mesmos, na certeza de que nossos mergulhos mais profundos são viagens com promessas de voltas cheias de sorrisos!
... E ela é canção tocada pela existência, na mais perfeita regência das ternuras. É suave e lírica como a pétala que cai no chão do jardim sem se despedir, pois sabe que a vida só tem o compromisso de ser vivida intensamente.
Ela é mesmo uma mulher de encantos, espalhando-se por todos os cantos. Às vezes rasgo a noite em saudades dela, penduradas nos vãos do tempo. Noutras, coleciono seus cheiros, seus gestos, todos os seus detalhes, porque minhas emoções são mesmo de enlevo e de caprichos. E o meu querer é somente querê-la sempre.