DEDINHO de PROSA
Às vezes venho aqui, tirar um dedinho de prosa.
Fico desanimado!
Depois reajo, compreendo e pego o prumo novamente.
Não tenho tanto tempo, não!
É que gosto de pintar palavras... encher os espaços de espasmos, cãibras, risos frouxos, lágrimas sentidas.
Eu sou mesmo essa tempestade de emoções... sensações indefinidas, mas nada de bipolar.
Sou porque sou e, ainda que tenha o controle de tudo, sou um trem desgovernado que por onde vai passando arrasta tudo, na ânsia de guardar no peito e na memória um punhado de paisagens e pessoas.
Pois é! Venho para dizer tudo e nada, depende de quem corre os olhos por aqui!
Venho para deixar rolar essas coisas que parecem fazer massagem no pensamento.
Uma pena que nem todos se disponham a ler imensos textos.
Mas compreendo e continuo a escrever mesmo assim, porque as palavras ecoam, depois se fecham em garrafas e esperam para serem abertas... degustadas como um vinho... sorvidas lentamente ou de um gole só. Não importa a composição da nota, da mistura ainda feita no mosto.
Rabisco desenfreadamente e depois saio de mansinho, para não acordar quem adormece suavemente no ninho.
O sono é breve e temos que sonhar... embalar nossos sonhos.
Nesse mundo de ausências e de infinitas urgências, é urgente que eu perceba que para ler é preciso pouco se escrever - escrever de maneira quase escassa - porque a alma quer ser gestada no ar rarefeito, na síntese do vazio, para só então se preencher... encher-se dos cheios e depois cair no mais colorido devaneio.
Beijos.
Com amor...
❤
Claudino Leite Netto