CORRENTES...

A noite que se foi

decidiu me acorrentar.

Enegreceu o meu céu

e inutilmente

amordaçou a minha voz.

Mas...

as horas insones e desobedientes,

que rondam o sono de toda gente,

livres, versejaram no meu peito.

Ah, desavisada noite!

Tuas entranhas desconhecem...

que pulso o coração

na ponta dos meus dedos!

E aqui estão, noite!

Meus versos cadentes,

Que das tuas estrelas apagadas...

tombaram vivos e prementes!

A zombar da tua falsa hegemonia,

Porque apesar de ti, escura noite...

Ainda sou alva poesia.