A tela da saudade
Sob a languidez da tarde que se arrasta, ainda adornada pelos últimos e doirados raios de sol, ouve-se ecoar em meio aos montes que emolduram a velha vila, o badalar dos sinos da antiga e desbotada capela.
O meditar é incontrolável e nos arrasta à introspecção... A vida vai passando sorrateira, fingindo-se dormente.
Os dias que se sucedem são iguais e os momentos perdem-se no tempo.
Até os pássaros da praça central parecem ser sempre os mesmos, como se o passar dos anos nada modificasse.
As crianças continuam a correr por entre os canteiros de flores, felizes, barulhentas, ligeiras, extravasando toda a alegria que viver possa oferecer.
Casais de namorados passeiam pela calçada, alimentando a esperança do amor eterno.
As cadeiras nas varandas acomodam pais e avôs, que trocam suas experiências do dia, como fosse um ritual, onde histórias se eternizarão nas memórias.
E a lágrima que rola na face tem o sabor doce, de uma saudade que certamente, virá...