Do Amor ou Medo

Do Amor ou Medo

Enquanto estive entre os " normais"

como doeu a anormalidade minha!...

como pesados foram os limites

aos quais me acorrentei

de livre e espontânea opressão!...

enquanto estive entre os lineares

quantas foram as cicatrizes

que me tatuei

por seguir em linha reta

quando as curvas do destino

exigiam-me coragem

para negar os atalhos

que me colocavam ao agrado dos outros!...

enquanto tentei esculpir perfeição

na imperfeita e bruta pedra de mim

quantos esboços promissores abortei

na angustiante e impossível tentativa

de ser a cópia

daquilo que nem mesmo eu cria!

pois

como poderia acreditar em Algo diferente de mim

se esse Algo sou eu mesmo

reduzido à mínima potência :

Deus?

agora

quando começo a aceitar

crer

gostar

reverenciar

essa loucura santa

que é ser um "anormal"...

um diferente...um estranho

dentro dessa ilusória normalidade planetária

agora

pressinto

gomo a gomo

elo a elo

as grades da prisão sendo rompidas

dor?

sim!

e como dói!

mas que dor mais prazerosa!...

que suplício mais reconfortante!...

que parto mais espiritual!...

e por que?

porque agora sei que o oposto do amor não é o ódio

esse é somente como a escuridão :

só se faz perceber pela ausência da luz

ódio é ilusão

o oposto do amor é o medo

que é a ação no sentido inverso do próprio agir

pois

não agir é um não-fazer

que faz tanto...

tanto mal

o amor....

o amor é a ação que constrói

amor é liberdade

medo é prisão

o ódio...

ódio não é nada.

28.02.22

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 28/03/2022
Reeditado em 28/03/2022
Código do texto: T7482643
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