A ninfa
Ela era a primavera, adornada das flores com as cores mais vívidas. Os seus cabelos caíam sobre os ombros com tamanha naturalidade que igualavam-se a uma cachoeira ao derramar suas águas. Seus olhos, eram delineados de mistério, como uma floresta sombria convidativa, que inebria com o perfume e beleza, arrastando para dentro. Era um contraste perfeito com seu sorriso, belo e discreto, que construía aquela espécie de segurança necessária para se lançar ao mar. Eu me deixei ir, me aprofundando na estranheza de não saber o que lá me esperava, conhecendo as fantasias de sua mente, os anseios do seu coração. Dançamos uma música sem som, um espetáculo sem expectadores, apenas eu e ela, com as mãos entrelaçadas e num ritmo intenso que apenas nossos corpos entendiam a sincronia. Porém, como uma ninfa proibida, ela me arrancou violentamente desse mundo mágico, me machucando como se extraísse de mim meu próprio coração. E agora, sou apenas mais alguém que anda pelas as estradas da vida, sem sentido e sem a melhor parte de mim, em busca de algum vestígio dela para sentir o que é viver.