Absorta à regras
Minha escrita não tem métrica
É politicamente incorreta
Foge de toda dialética
Absorta a toda e qualquer regra
Se a poesia é meu grito
Me dá asas para voar
Me liberta de todo martírio
Por que tenho que conter meu versar?
Isto não impede minhas rimas
Não apaga o encanto das linhas
Faço, apago, refaço o verso
Não importa errado ou certo
Ou será que a intensidade tem tamanho
Soa-me este dito um tanto estranho
Não enquadro a alma que grita
Deixa-me fluir livre nas minhas tortas linhas
Minha escrita é controversa, insana
Não habita escondida às margens
Ela é profunda, é profusa, é profana
É reversa às fogueiras das vaidades
Dos dedos escorrem letras cortantes
A verve que escandalisa os contidos
Perdoe-me ser assim tão intrigante
Meus rabiscos jamais serão reprimidos.
Neste meu humilde parnaso
A escrita é meu grito de liberdade
Quebrando desejos refreados
De regras estou farta, já basta a realidade.