Envenenado
Quando mais jovem, sonhava em ser poeta, em estar à frente do meu tempo, e assim me enganei. Hoje, ao ler outros poemas e me deparar com outros pensamentos, percebo que me faltava algo. Não sei explicar o que...
Nem consigo terminar aqui o que queria dizer. Sinto-me envenenado e sem antídoto. Estou envenenado pela descrença em mim, envenenado pela descrença no mundo.
E como posso parar de beber desse veneno, se o mundo me parece oferecer apenas isso?
Termino aqui, sem dizer o que queria, pois o veneno em mim já me entorpece e embranquece os pensamentos. Mas antes de ir, faça-me um favor:
– Tire-me daqui e dê-me o antídoto.