Da leveza que quero
Alma esvaziada da calamidade da necessidade de ser.
Tantas coisas, entre sonhos despertos e escusas.
Os mais estranhos momentos intercalados da cena noir em que o retrato do dia se encaixa.
Os mais silenciosos pedidos de desculpas, entre as culpas não ditas daquilo que não se quer.
O olhar pela janela entreaberta atinge a rua com seus passantes raros na manhã dominical.
Asfalto molhado, de leve garoa trazendo o sopro de um vento suave brisa fria, que inicia mais um dia.
O cinza do céu, quase remete a olhos distantes, se não fosse pelos entremeios de nuvens azuladas. Quem sabe uma cor ainda não observada no olhar que ainda não foi possível espelhar?
No peito se instala a necessidade da leveza, tapar os ouvidos para a suavidade do silenciar.
Em uma sutileza que talvez a melodia de uma voz traga ao simples ato de rir, de papear, seriedade ou não pelo cafe matinal.
Desnorteados assuntos que se perdem entre risos, cigarros e páginas dos livros que se viram.
Ideia e fantasia da imaginação de uma ideal manhã fria de domingo. Que amanhece mais uma vez lenta... mente.
Distante fica a pousar o olhar, distante o olhar está querendo ir buscar.
Talvez viaje em sonhos embarcados de um pouco de livros e café. Ou somente por esperar sabendo que o que chegou...
... chegou pra ficar.
Adriana A. Bruno
13/03/2022