Fragmentada
Ando a vagar, em busca de abrigo
... fiz da solidão minha fiel companheira, meu escudo, meu esteio...
Só ela permaneceu, quando todos se foram levando de mim um pedaço, ela, fiel ao meu lado ficou, como único amparo.
A verdade é que aprendi a acariciar meu demônios, aprendi tirar algum proveito de tudo que até aqui me feriu, fiz-me forte afundando no meu próprio caos,
...nadei no rio das minhas próprias lágrimas, presa no lodo de dastantas batalhas,
dia à dia quase morte, é o viver de alma aflita, sempre com afã de algo, por nada saciada.
Não há como acariciar minha face, e ignorar minhas feridas profundas, cicatrizes que mostram o que enfrentei até aqui, a vida não se submete, não se dobra às minhas vontades, então prefiro a dor contida na verdade, do que a doce mentira sob disfarce.
Então, entenda que minha alma por vezes é sombria, é marcada, estou envolta à tudo que é intenso, aceite minhas rosas, e também minhas armas, meu sentir é abissal, descomunal ... fora do normal.
... para não atormentar com minhas palavras, guardo silêncio de boca velada, e para não enlouquecer, para não sucumbir a esta vilania, transformo num piscar de olhos as minhas chagas em poesias,
Transbordo tudo aquilo que sou, por isso meu caminho é solitário, por isso a solidão é meu único amparo ...
Às vezes caminhamos como anjos de asas quebradas, de alma fragmentada, às vezes a alma se declara, outras ela se resguarda.
Como um anjo ferido tenho rastejado à procura de abrigo, de quem abrace meu caos, minha incurável intensidade e não simplesmente alguém que me arranque mais uma metade... se assim for, continuarei na minha lúcida insanidade.
Às vezes um iluminado sorriso, esconde a dor de um espectro sombrio, alguns de nós abraçam a dor como um último e real labor...alguns de nós transformam a dor dilacerante na poesia mais excitante...
... somos os anjos que caminham ao seu lado de asas quebradas e alma inquietante.