Uma tragédia em atos de um só coração ...
Dei-me, a mim mesmo, um baile de máscaras; cortinas de cinzenta fumaça soprando pelo tablado carnal do coração numa dança que ardentemente incita a loucura, enquanto desassossegados, medrosos olhares espreitam da escuridão pulsante e a carranca violentamente emudecida dos valentes preserva-se, à luz dos candelabros de relampejante delírio, dos demônios e fadas negras que tímidos, introvertidos, filhos da tempestuosidade expansiva de suas saudades imortais escondem-se no mistério da antiga noite ( insensível oceano de corpos suspensos ); esgueirando-se por detrás do trono nebuloso da estrela da manhã, à espera do momento informe de capturarem o Sol e confundirem em trevas a criança fantasiada de alegria no fundo dos meus olhos; sóbrio de insanidades, eu sigo, desconhecido e estranho e alheio a mim mesmo, tal angustiado mar ignora as monstruosas criaturas veladas nas profundezas abissais de sua revolta; ao passo em que um só ri e suas gargalhadas borram de ironia insultuosa a maquiagem de lágrimas estampada no olhar cabisbaixo dos suicidas, como o filho pródigo da bem aventurança de um aborto que nada conheceu da luz, lançado à eventualidade de caminhos dispostos por um destino indiferentemente cruel, de mim para mim, tão sensivelmente devorado por buscas de uma fúria expectante, gritaram: "sentimo-nos cada um, comumente, através desse mesmo velho títere de tênue vida e das espessas linhas de prata que cortando os ares manejam a morte; aparência de ódio, leve uma rosa tinta de vinho enlevada dos sonhos que silenciam em sua boca, a do amor, cuja língua é furtiva espada de chamejante volúpia pode sangrar pétalas de espinhoso desejo e colher em lábios macilentos de embriagado algodão a virtude impudica de seus beijos!