Bordado

 

Acordei, levantei-me disposta, abri as janelas. O dia estava sem sol, em pleno verão. Contudo, não estava um dia triste, não havia solidão. Apenas um dia calmo, bom para tomar decisões. E, ali da minha janela dos sonhos, contemplando o infinito, pensei no que iria fazer naquela manhã.

Decidi arrumar as gavetas do meu pensar, foi quando encontrei um tecido pronto para ser bordado: era o tempo que vivi.

Ah! Não tive dúvidas, fui procurar minhas agulhas e linhas, os meus desenhos amarelados, pois sabia que estavam bem guardados nos baús de minhas lembranças e cheios de significados. Me sentei confortavelmente no sofá de meu passado e comecei minha arte, aquela que aprendi na minha infância -, colorir sonhos.

Depois de algumas horas minha obra de arte estava pronta. Contemplei-a com a alegria de ter tecido, em poucos instantes, uma linda manta para me aquecer no inverno das saudades.

 

Iêda Chaves Freitas

13.03.2022

 

Minha gratidão e alegria ao poeta SilvaGusmão pela belíssima interação.

 

SONETILHO - Bordado - 15.03.22

É claro que seu bordado,
Feito com arte e rigor,
E todo milimetrado,
Parabéns ao seu labor...

No sofá do seu passado,
Você bordou um primor,
Fazendo lindo traçado,
Lembrando do seu valor...

Quem sabe nunca se esquece,
Desse dom tão primoroso,
Que nossa vida enriquece...

Trazendo tanta lembrança,
Mesmo no tempo ocioso,
Quando pro robe se lança.

SilvaGusmão