SOPA DE LETRINHAS
A letrinha "A" estava só e pediu socorro para a "B" que, por sua vez, recorreu à vizinha, e logo se fez o ABC. Na sequência, vêm as letras que formam o alfabeto, uma grande invenção, com elas se escreve afeto, que faz bem ao coração.
Palavras são constantes, constam do abecedário, moram no dicionário. Vogais são letras que também podem julgar. Consoantes harmonizam o nosso falar. O verbo é ação, dele depende a expressão do momento, difícil de conjugar. Nem sei o que escrever quando cruzo com a palavra amar, enlouquece o sentimento.
Com a vogal “A’, na hora agá e bom humor, faz-se o amor, num descuido se desmorona, troca por amora ou aroma, se perde e logo chega à Roma. Quando a maré está pra peixe, amar é tudo, de amar nunca deixe.
Tudo é uma brincadeira que faz bem à alma. O ovo é do vovô, vovô não é novo. Não, o ovo é da pata, essa confusão ainda acaba em tapa, mas é só acrescentar o "C" e tudo vira calma. A alma é eterna, terna é a alma.
Se a aranha o vaso arranha, o sapo a aranha apanha. É um emaranhado, uma trama digna de um drama. E se o apreço não tem preço, eu logo me apresso e peço, não posso, não tenho posse.
A valsa é um sonho, o amor uma serenata, já a salsa é um ritmo e uma erva medicinal, uma é dança quente, a outra faz chá para doente. Chocolate é uma delícia, mexe com a mente, Choco late, mas não morde, meu cãozinho é manso, não se avexe minha gente. O vinho vem da vinha, da vinha o vinho vem, se aprecia, babe e beba do cálice, ou cale-se para sempre.
Dançar frevo eu não me atrevo, já o bolero é um lero-lero, são dois pra lá e dois pra cá. Samba só se for canção que lembra um tipo de cueca, feita de algodão, que ao ronco da cuíca deixa o bicho folgadão.
Uma incógnita, se a letra é muda, por que o som é emitido, um absurdo que nada muda. Não é ignorância. Mesmo assim a palavra é absoluta, desafia o cognitivo e age por instinto, tal qual a embriaguez, objeto do absinto.
Sutis como eles só, assentos são para sentar e acentos são para acentuar, pode dar um nó. É um sinal gráfico que alguma palavra trás, realça a sílaba e define se ele é éle e se eles acentos têm e, se não souber, aprenda se for capaz.
Travessão é um sinal que inicia uma expressão (aqui um parêntesis, por vezes substitui a vírgula). Três funções exerce a vírgula, controla até a respiração. Ponto final encerra a sentença, é absoluto só cede para a interrogação e para o ponto, o ponto de exclamação!
O ser, ora veja, bebe quase tudo, bebe cerveja, que é feito de cevada. Não bebe cachaça e rechaça, com medo de ter a saúde ceifada. Ela vem da cana e já botou muita gente na cama. Mas toma café, com fé na cafeína.
O Sol bronzeia a pele e a Terra ele aquece, sem manhas vem todas as manhãs, nunca se esquece. O sal tempera a carne, alimenta e apetece. Acordar cedo isso eu não faço, nem se sede desse. Então, desce um acordo, dou um doce se concordar e sedo, se cedo eu acordar.
O coco por dentro é oco, dele se faz a cocada, de cada banana vem a bananada. A casa do índio é oca, a do coelho é a toca. Quem se abana e nada, não se afoga, para a folga cada um tem a sua cota.
Dó, ré, mi são partes da partitura, importantes na melodia, assim como o mel o dia adoça. A ré, sem dó, vai pra frente se ela for inocente. A parada é uma marcha cívica, onde o patriota o hino sente.
Rimar com mar é fácil, difícil é seguir sem rumo, sem conhecer o outro lado do muro. Tem o lobo na espreita, o lobo não é bobo, muito menos tolo, ele não respeita, da vovó quer o bolo.
Acender uma vela lava a alma e a deixa leve. Está no livro sagrado, quem peca e da reza se vale consagra e tudo zera para ao céu ascender. Chegar ao paraíso é a meta, mas para isso não se meta em tentação. Faça por merecer, tenta a ação.
Toda forma de escrever é permitida, na chegada ou na partida. No princípio o verbo era Deus, um milagre da vida, no final o que resta nesta ordem é a palavra adeus.
TESTAMENTO