Homem bêbedo _ 1
A reflexão chega ao homem como um relâmpago de Zeus em um incedeio de indícios. Sobre versos e mentes, sobretudo além e aquém disto tudo, bebo, como se fosse néctar dos deuses, por um mérito que não o é, e permaneço o mesmo; sem ao menos saber o que é o mesmo, nem o mesmo que é tudo; disto tudo, nada. Sou enquanto permaneço e enquanto permaneço me esvaio, mudo e ressurjo e nisto tudo nada percebem, fazes tu o que sabes e o que sabes se não és por o ser? Em essência, aquela mesma, que nada tem a dizer. Além de ser, nada, ao ser, tudo. Aos olhos indiretos, indiscretos, pareço o mesmo, mas a quem tem olhos sou e sou a cada verso que escrevo. Escrevo como homem e como homem escrevo desnudo, com a honra de quem ousa ir a guerra para viver. Morro por um ideal mais real que tudo, retorno ao eterno ser de um heroísmo Hérculano e morro como um tropeço de um homem bêbado, ao pôr o troco na algibeira e nada receber além de olhares vagos que nada me dizem além do nada, o tudo que já sei; mesmo sem saber que o saiba e eu morto por perder-me nisso que denomino de eu, sem ter dele o mais eu, que em tudo enxergo pedir, encontro-me e perco-me e nisto tudo, nada.