O Ritmo da Vida

A vida se esvai no ritmo de cotidianos

No caminhar de corpos obsoletos, obtusos, absortos, insanos

Em seus próprios pensamentos de um ir e vir sem constância.

Só um acelerar e desacelerar de passos que não se encontram, mas se chocam

E ao se perderem entre os pensamentos mais lânguidos

Percebem as desconcertantes incertezas de que a melodia fica a soar

Ensurdecedora(mente) silenciosa a instigar o fluir, entoar.

Tao automático, quase estático, desse movimento que todos seguem

Cegamente, lentamente, quase sem perceber

Que são prisioneiros de si próprios, ao entardecer.

O cair da tarde pousa, como um casto monumento esculpido em dor

Lapidado a pequenas instâncias entre a fúria, o silêncio e o amor.

De um cotidiano cada vez mais repetitivo

Que abarca o sonhar, o querer e o não-estar, instintivo

De cada um que segue início e meio

Finda o dia, fica a dúvida sobre qual caminho seguir, no esteio

O rumo a tomar, é o mesmo de onde se precisa ir?

Percussão alada nas mãos do poeta

Que escreve com pena, melodia tão (in)certa

Que certeiramente aqui vem a quem tocar.

No ouvido, na pele, suavizar

O que escraviza a vida com seu ritmo

A soar...

Foge, tocata em fuga sem ré nem dó

Vai atando ou desatando entre tantos, um nó

Que fica no peito, e na garganta e só

O maestro conduz o falsete, daqueles que riem ou que choram no banquete

Dessa comédia trágica do existir

Soa o vento, soa o sino, ah... que sina

Ser ária, tão solitária a ser cantada assim

Nesses passos que o dia começa, passa e termina,

assim tão somente

e somente em mim.

Adriana A Bruno
Enviado por Adriana A Bruno em 05/03/2022
Reeditado em 05/03/2022
Código do texto: T7466039
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