O Ritmo da Vida
A vida se esvai no ritmo de cotidianos
No caminhar de corpos obsoletos, obtusos, absortos, insanos
Em seus próprios pensamentos de um ir e vir sem constância.
Só um acelerar e desacelerar de passos que não se encontram, mas se chocam
E ao se perderem entre os pensamentos mais lânguidos
Percebem as desconcertantes incertezas de que a melodia fica a soar
Ensurdecedora(mente) silenciosa a instigar o fluir, entoar.
Tao automático, quase estático, desse movimento que todos seguem
Cegamente, lentamente, quase sem perceber
Que são prisioneiros de si próprios, ao entardecer.
O cair da tarde pousa, como um casto monumento esculpido em dor
Lapidado a pequenas instâncias entre a fúria, o silêncio e o amor.
De um cotidiano cada vez mais repetitivo
Que abarca o sonhar, o querer e o não-estar, instintivo
De cada um que segue início e meio
Finda o dia, fica a dúvida sobre qual caminho seguir, no esteio
O rumo a tomar, é o mesmo de onde se precisa ir?
Percussão alada nas mãos do poeta
Que escreve com pena, melodia tão (in)certa
Que certeiramente aqui vem a quem tocar.
No ouvido, na pele, suavizar
O que escraviza a vida com seu ritmo
A soar...
Foge, tocata em fuga sem ré nem dó
Vai atando ou desatando entre tantos, um nó
Que fica no peito, e na garganta e só
O maestro conduz o falsete, daqueles que riem ou que choram no banquete
Dessa comédia trágica do existir
Soa o vento, soa o sino, ah... que sina
Ser ária, tão solitária a ser cantada assim
Nesses passos que o dia começa, passa e termina,
assim tão somente
e somente em mim.