[Ela e o Poeta]

[Para quem ama um poeta...]

Por vezes, a matéria poética

carreia insidiosas dubiedades,

e levanta fumos de suspeitas...

ansiosa, a amada se pergunta:

a quem se dirige o meu poeta?!

Embora as palavras mordam

com as agudas presas do ciúme,

instilem n'alma fortes venenos,

ou, quem sabe, até uma desfeita,

elas são tão-somente palavras!

Eu, o poeta, sou feito criança,

visto-me assim, tão perfeitamente

com os disfarces dos meus sonhos,

que você, minha suave amada,

nem se dá conta da provocação:

são apenas as minhas artes!

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[Penas do Desterro, 26 de maio de 2002]

[Excerto do meu diretório "Agora - 2002"]