A vigésima quinta hora
Talvez por ficar contando estrelas que se escondem. Talvez porque nas manhãs é que os sonhos que eu sonho são palpáveis. Ou quem sabe seria porque enquanto eu fico triturando a vida outras pessoas me levam à morte.
Ainda não fiz o meu exame de consciência necessário para fazer parte desse planeta imaginário.
Como pude dormir tanto e perder uma essência que me faria respirar entre um cigarro e outro?
Se houvesse explicação para a sanidade e para a loucura elas estariam em alguma tese científica. Mas ninguém é são o suficiente. E nem é louco o suficiente.
Somos mutantes nessa casa transitória.
Há tantos deuses como há seguidores. E para cada um, há um templo. O meu deus ainda se encontra entre um sorriso de soslaio e um desdém de ombros. Não está com nenhuma pressa em domar a minha irracionalidade.
Teria que criar uma hora menos imprópria. A 25ª seria a essencial. Mas não me encontrará nela. Já terei partido numa cauda de cometa.
Não estou sob o efeito etílico. Nunca estou. Nunca estive.
Aí é que o inexplicável surge. Porque a mente está completamente lúcida. E a lucidez é a grande causadora de males.
Descobrir-se apta para a demência é no mínimo uma tremenda alergia. Ou uma tremenda alegria.
Escolho a alegria, porque vagar entre neurônios e fotografar a imparcialidade, é uma arte. Arte plural.
As conexões são paralelas. Como paralela é a ciência que encurta a inteligência.
Nos meus livros coloridos, manuseados, empíricos, as frases grifadas não fazem sentido. São frases de nenhum efeito.
Não descobri, ainda, porque há tantos seguidores de filosofias.
Todos são subjetivos. O filósofo e o seu seguidor. Cada um, a seu modo, busca dissecar o incompreensível. Um, diz, é. O outro, pensa, talvez. Eu, concluo, não. O que somos afinal?
Um bando de loucos rindo da própria loucura.
Isto não é totalmente alérgico? Ou imensamente alegre?
Na dúvida, vou ingerir um antialérgico logo, porque nem tudo na vida passa.