Vou descobrir se te amo

Vou descobrir se te amo, me balançando como os pinheiros envergados ao vento. Mesmo com o sol a pino e uma luz radiante, andam os dias tão iguais, assombrantes. Quando cai a noite enaltece a lua sobre as águas errantes, e aqui dentro surge um medo gritante. É como uma névoa em figuras dançantes, demonstrando um nada na imensidão de um coração amargurado. Assemelha-se a uma gaivota de prata, isolada, assombrada, desprendida por acaso rumo às mais altas estrelas sem nem saber que nunca irá tocá-las.

Vou descobrir se te amo, nesse mar curto ou infinito no que me encontro, levando a minha cruz, esperando o porvir. Da água desse mar, a minha a'lma está umedecida e talvez resfriada.Soa e ressoa com as ondas que a quebram em mil pedaços. Sem almejar um porto ou terra firme, elas me ensinaram o gosto do que é amar e hoje me ensinam a lição de duvidar. Os anos me tornaram descrente, de que ainda exista um amor verdadeiro, tão peculiar de almas nobres, as quais já superaram as superficialidades e os desejos profanos.

Vou descobrir se te amo, mesmo que em vão se oculte o horizonte e eu siga mergulhada em realidades frias. Pois, são as tristezas portos para o atracar de uma tarde ensolarada ou de uma alma faminta. Não se vive só de alegria, ainda não atingimos este grau tão elevado de consciência. Insistimos em ser barrentos, misturados com água cristalina a um barro mental turbulento que torna tudo turvo por dentro.

Vou descobrir se te amo mesmo com o meu tédio exterior medindo forças com o meu crepúsculo interior. Porque, por mais frio que seja o dia, à noite silenciosa, às vezes, começa a cantar para mim e entoa uma canção dizendo que este espaço vazio um dia terá fim, pois, lá no fundo dos teus olhos descobrirei que eu nasci para você e você foi feito para mim.

Autora: Adriana Osório