O Homem da Floresta de Pinheiros

Certo dia, ia eu, por uma sinuosa estrada rente ao mar

Sem rumo e expectativa, apenas sentindo a brisa

Quando, do outro lado, olhando o vasto oceano

Havia uma floresta de pinheiros e um homem nela

Ele me convidou a sua floresta e eu fui

O que poderia afinal, haver de tão mau

Num homem sozinho sentado numa floresta de pinheiros

A floresta, perfumada, tomada por raios do sol poente

Era bela e silenciosa, como seu dono, e quando falava, era numa língua diferente

Mas que aos poucos eu conseguia compreender

O homem, gentil, me guiava por entre os longos troncos

Apontando para as copas muitos metros acima, e como era belo

Ver como as grandes garras verdes avançavam no céu

A cada passo desastrado ou hesitação em continuar

Apenas o toque daquele homem me levava a segurança e autoconfiança

E ao longo dos dias de caminhada, perdido entre o que seria o meio e o fim

Completamente entregue a meu guia ora silencioso, ora estrangeiro

Eu me percebi sozinho

Chamei por ele, mesmo sem saber seu nome, ou seu idioma

Ou suas verdadeiras intenções comigo

Como eu poderia ter confiado e me colocado em tanto risco

A floresta de pinheiros não tinha fim em qualquer direção

E quem me levara até ali apagara qualquer rastro

Ainda assim sentia seu toque firme, mesmo inexistente agora

Destruiria cada pinheiro com as próprias mãos para sentir sua presença silenciosa agora

Para ouvir seu mais belo nada, seus passos silenciosos

Confiara nele, e ele me deixou perdido

No meio de uma floresta de pinheiros.

Para aqueles que já partiram meu coração: eu consegui sair da floresta.