Superação

Quantas vezes, por tantas vezes

Imersa sob a névoa da perseguição

Um anátema aos olhos de todos

Uma pedra no caminho da incompreensão.

Esconderam-se na solidão

Envoltas, em meio a olhares indiferentes

Lamberam suas feridas, entre o ranger de dentes, vítimas da maldade consciente

tendo tantas vezes o medo, como única companhia...

Eu, Maria, Tu Maria, nós Marias

Mal vistas

Mal quistas

Malditas

Sem nenhuma defesa, lutando pela própria sobrevivência, pela vida.

Filhas do tempo

Filhas dos ventos

Filha da terra, de todo universo

exiladas de sua própria morada.

No rugir do tempo, tentaram calar a voz da indignação, tentaram queimar todas aquelas que viveram além da subordinação,

tentaram calar as vozes que sempre superavam...

Que aquietam

Que transmutam

Que encantam

Tentaram nos queimar na fogueira, apagar nossas raízes, daquilo que fomos moldadas...sequer imaginavam que éramos chama acesa que não se apaga.

Tentaram destruir nossos corpos, escravizar nossas almas...

Tentaram nos enterrar, mal sabiam que éramos sementes a germinar

Aqui morremos, ali nascemos

Na roda da vida seguimos sobrevivendo

Resistentes ao fogo do preconceito

Resistentes as águas da hipocrisia

Esqueceram que somos superação

Que somos mulheres, chamadas Marias.

Andreia O. Marques

Heterônimo Maria Mística