Vestida de coragem

Quem sou eu?

Um sonho distante que demanda com a realidade

Que colide com um mundo tão caótico

Que sufoca sonhos

Que afunda na lama tantos ideais.

Não cabe ser apenas uma no dia a dia,

Sou uma nova criatura renascida das cinzas, uma nova versão de mulher, pra enfrentar mais um incauto que desafia.

Não basta dizer somente quem sou, sem antes mostrar o que acontece nos bastidores onde guerras são travadas, num silêncio brutal que quase ninguém conhece...

Recebo Inúmeros nomes, rótulos

Me cospem, me xingam, ridicularizam

No desequilibrio de um lugar inóspito,

Na boca grande de alguns que julgam, condenam, como se não bastasse a prórpia sorte de ter que todos os dias ser forte, mesmo sem norte.

E todos os dias visto-me de coragem,

Reviro minha bagagem, desdobro-me

Caminho pelo vale, carregando meu estandarte.

Sou tantas que habitam em mim, mulher de mil faces, que caminha na luta pela igualdade

Mesmo desvalida

Mesmo abatida

Algumas vezes sentindo-me vencida, vazia...mas sou alma livre, que transmuta, que sobrevive.

Basta-me o céu e toda sua imensidão de mistérios, uma prece a atravessar mais uma noite engavetando sonhos, guardando-os, embalando como a mãe a ninar o filho a chorar.

Vou caminhando livre, sou o que sou

Transgressora aos olhos que não vêem

Mulher de alma nua, de tantas andanças

pele crua que energia que emana.

Alheia ao tempo e espaço,

não sou apenas uma, sou tantas, marias que se espalham como sementes, divino traço que caminha em noites escuras da falta de fé, da reclusão,

Que se equilibra sob o prisma da luz do dia, respira magia que nunca foge da luta, que busca com ousadia forças pra mudar sua própria sorte, quando a única opção é enfrentar a exaustão, e nada mais que lutar.

As vezes num breve recuo, pra ganhar impulso e poder bater asas e voar.

Maria Mística,

Heterônimo de Andreia O. Marques