INQUIETAÇÕES

Ah... como me faz falta ver o sol nascer da janela do meu quarto...

Como me atormentam as inquietações íntimas fazendo-me afundar nos precipícios da mente enferrujada e aprisionando-me em labirintos vazios e sem saída...

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O silêncio às vezes é a melhor resposta para quase todas as perguntas...

... eu não quero perder esta vontade de amar que existe dentro do meu coração sonhador...

... mesmo sabendo que as pessoas que amo... podem não ter o mesmo sentimento por mim...

... mesmo sabendo que as rosas não falam... que os jardins morrem se não os regarmos... que o amor morre senão o fortalecermos com o mel da paixão...

Senti uma vez uma paixão arrebatadora... reparadora e inquebrantavelmente inesquecível... uma única vez!...

Foi algo tão avassalador... que ainda hoje não consigo explicar o que sucedeu... foi depois que um divórcio aconteceu e um amor morreu...

Ele chegou de supetão e me levou por entre inquietações e suspiros e me arrancou dum pseudo-luto ‘marasmático’...

Não foi amor... mas me deixou às portas da loucura... uma loucura benfazeja que inquietava e estremecia todo o meu ser... me levava ao céu e ao inferno em fração de segundos... não foi amor... porque não foi regado com a doçura do pólen das flores dum jardim... apenas foi alimentado com o mel inquietante da paixão...

Durou algum tempo... o suficiente para me ensinar tanta coisa... para me fazer feliz... ditosa e plena... mas tal como chegou se escapuliu por entre os dedos... inexplicavelmente... porque não era o amor que... o meu eu esperava...

Amor que tardava em chegar e que erroneamente se apresentou misturado a pena... dó... proteção... e que também não era amor... mas a minha inquietação me confundiu... me precipitou e... me lançou num labirinto que demorou para achar a saída...

‘O amor chegou tarde demais’ é uma expressão demasiado cruel... que às vezes nos dizem com um breve sorriso no olhar... e quanta maldade existe por detrás dum sorriso sedutor...

Sou uma mulher que sofre com as inquietações... com as dores e os anseios que existem no mundo... e permaneço tão inquieta como a lágrima que teima em escorrer pelo meu rosto cansado...

Como é possível que tenha deixado escorregar o tempo pelas minhas mãos vazias... hoje enrugadas num jardim de flores secas? Faltou a rega necessária e... as flores secaram... e o amor implorou pelo mel que as abelhas não fizeram... e eu fiquei esperando pelo amor silencioso adormecido a meu lado...

Serenamente e antes que se ponha o sol... o sol que se vê da janela do meu quarto... amarelecida pelo tempo e que não espera que a minha inquietação se acalme... e adormeça na madrugada de cada lembrança... volto ao sonho adormecido nos labirintos da memória... olhando o pôr-do-sol da minha janela... no entardecer de mais uma primavera!...

By@ Anna D’Castro

Anna DCastro
Enviado por Anna DCastro em 25/02/2022
Código do texto: T7460290
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