Flerte

A embarcação de estranhas terras outras combina com as minhas,

Gere marinheiros atrofiados e sorrindo,

Enquanto este fogacho insípido e de sol

Queima minha pele de modo recíproco, e desmaio

Cansado na entrada de todo mês às portas de casa,

E são casas mesmo, se o perguntes,

Nestes fios anelados de ruas,

Que não me recebem, não me acenam e não me falam

Mas o que há para falar de mim, se meu coração como a ti indaga

E estufo o peito com rapina,

Olho pros lados

E corto a frente de tudo o que me quer passar à força

Eu sou a força, a desnecessária e intranquila coisa em trânsito

Deixo meu cartão no passeio público,

Pisco os olhos desajeitadamente

E morro de amores, enquanto ainda posso

Quereria beijar o mar em boca aflita,

Mas a boca me é fina

E imagino austeras as pessoas

Incontáveis que me passam, assim não me sendo o eu só

Quero também cantar doutras coisas e me faço tímido,

Que me fica vermelho o jeito,

Gaguejo na língua

E escondo tudo aquilo que a cidade não sabe

Quero calar a voz que somente me diz:

"Que não te vás por aí,

"Que não sabes de ti

E me jogar aos braços a mim lançados

Aos braços de qualquer outra senhora infeliz

H Reis
Enviado por H Reis em 22/02/2022
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