Lágrimas torrenciais

Mentes entorpecidas –

Pelo ópio diário.

Falsas notícias,

Gerando dúvidas.

Alimentando a polarização –

Obsessão.

Hipnotiza –

Lavagem cerebral.

Gritam no mais profundo ser –

Repugnantes.

Estragos viscerais,

Sociedade doentia.

Ordens patriarcais,

Absolutos vermes.

Racismo estrutural,

Realidade fora do contexto –

Totalmente sem mexo.

Forjando situações,

Teatro macabro –

Em agonia desproporcional.

Asfixiando as periferias,

O crime manipulado:

Morador forjado,

Às vezes, nem preso.

Brutalmente assassinado,

Cadê as provas?

Inconsequente erro,

Não há clemência –

Covardes sem decência.

Em pele de cordeiro,

Transvestindo-se de ordeiro.

Para espalhar o caos,

Sufocando a comunidade.

Não é por falta de comunicação,

Amordaçando ao som das armas,

Ou não!

Calando inocentes vozes,

Imprevisíveis algozes.

O povo injustiçado da favela,

Na zona sul – Crimes atrozes.

Nenhum estampido -

O dinheiro compra o silêncio.

Enquanto, do lado de cá,

A qualquer hora do dia –

Soam as explosões.

Mais corpos para velar?

Guerra anunciada,

Governo a desfavor do poder paralelo.

No meio vidas dilaceradas,

Como intervir –

Sobreviver no entremeio desde duelo?

A corrupção –

Movimento retrógrado,

Velhas cartas manchadas.

Ajustes de contas,

Poderoso poderio bélico.

A ordem vem lá de cima,

Apertar o gatilho, triste sina.

Crianças não mais protegidas,

Na linha do disparo - Alvo fácil –

Quem é que se importa?

A morte pedindo passagem.

A comoção somente dos iguais,

Injustiça banalizada.

Diga-me:

Como poderemos mudar esta realidade?

De não mais testemunhar o sangue –

Escorrendo pela sarjeta.

Feito zumbis seguindo um caminho sem retorno –

No meio da sobrevivência.

Por vezes, cansados de bater na tecla da resiliência.

Tampando o sol com a peneira,

Tentando evitar a ansiedade em plena loucura.

Na tentativa de não enxergar e/ou esquecer a covardia.

Agradecendo a Deus por mais um dia, pela vida dos seus entes e amigos.

A nosso favor, reinventando uma verdade suportável,

Na expectativa de esquecer os traumas –

Da alma sangrando.

Ao mesmo tempo, envolvidos em melancolia –

Impregnados de lembranças, das memórias –

Daqueles que partiram prematuramente,

Uma chaga que sempre permanecerá aberta.

Abandonados:

Por aqueles intitulados os salvadores da Pátria.

Usufruindo um marketing perverso,

Aliciando mentes pequenas –

Transformando-as em robôs,

Vício cruel.

Da ganância, o poder em arrogância,

Egos em ostentação.

Escravizando todos à sua volta,

Comprando a fala equivocada do adversário –

Cenário frio e patético.

Os invisíveis em fila indiana,

Na labuta – Nenhum refrigério.

A maior parte do salário – Impostos –

De segunda a segunda –

Faça chuva ou faça sol –

Ainda canivete:

Preparado para mais uma batalha.

Estado omisso –

Estarrecedor –

Promovendo a fome,

Em todas as vertentes.

Frio e calculista,

Em meio às enchentes.

O povo negligenciado,

Lágrimas torrenciais.

Até quando?

Permanecerá está mesma pergunta,

De sofrimento e solidão.

Catástrofes repetidas,

Sem alguma intervenção.

***

Blog Poesia Translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 22/02/2022
Reeditado em 22/02/2022
Código do texto: T7457841
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