Avistei um trem e não dei a mão

Cansado de tudo

Cansado de não saber jogar, cansado do jogo

Cansado de mim e cansado de todos

Cansado de ser coerente, cansado de não fazer sentido

Cansado de ser raso e cansado de ser profundo

Cansado de minhas manias , cansado de ter razão

Cansado de ser frio, cansado de ter coração

Cansado de atuar e cansado de não saber dirigir

Cansado de ser rocha, cansado de me abrir

Cansado da meia combinando com calça

Cansado do sapato e de andar descalço

Cansado dos meus pensamentos, dos meus sentimentos

Cansado do calor e também do frio

Cansada de toda essa gente e de me sentir sozinho

Cansado de procurar e cansado do caminho

Cansado de não ter fé e ter esperança

Cansado de não saber dançar e cansado da dança

Cansado da ficção e da verossimilhança

Cansado de enfrentar o mundo , cansado de ver da janela

Cansado de tudo que fui e o que eu era

Cansado do que agora sou

Cansado de tudo o que restou

Cansado de falar e cansado de ser mudo

Cansado de tudo