Consenso sobre o Sonho

Nunca fora registrado acontecimento parecido.

Ouvimos falar de muitas coisas, porém de casos isolados:

Que uma pessoa durma perturbada e tenha sonhos assustadores,

Que novidade há nisso?!

Mesmo que durma tranquila, ainda assim poderia tê-los.

Falo de um caso real e incomum, mesmo se tratando de uma pequena cidade

Com pouco mais de quarenta mil habitantes.

Chuva intensa e noite monótona.

Todos se recolheram às suas casas mais cedo,

Visto que o dia seguinte seria de muito trabalho.

Entre relâmpagos e rajadas de vento,

Corpos se debatiam, se contorciam,

Outros se levantam, buscavam água,

Mas retornavam para o mesmo tormento,

Para a mesma fadiga e impaciência entre um delírio e outro.

Uma visão pictórica e irreal das coisas se projetava na mente de cada um;

Ninguém entendia, mas se tratava da realidade,

Da realidade que por ora ainda não era o fim.

Na manhã seguinte, todos se mostravam intrigados ao contar o sonho para alguém:

Os outros haviam sonhado a mesma coisa,

Assim, todos concluíram que tinham tido o mesmo sonho ao longo da noite.

Não demorou! A rádio fez suas especulações

E outros meios de comunicação fora da cidade fizeram as suas;

Concluíram em dois dias que o mundo todo tinha tido o mesmo sonho. A mesma coisa!

Como isso era possível? Uma paranoia mundial?

Ninguém entendia e muita preocupação veio sobre as pessoas,

A ciência não conseguia explicar, ninguém conseguia explicar;

Muitos buscaram a morte sem sucesso, muitos buscaram a Deus sem sucesso.

O desespero foi total e o medo, assolador;

Nações inteiras se levantaram...

Até que a trombeta soou

Para a alegria de uns e a tristeza de outros.

Rogério Freitas
Enviado por Rogério Freitas em 18/02/2022
Código do texto: T7455176
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