Podres poderes

Desordem –

O caos –

Beirando ao irracional.

Entorpecendo –

Aniquilando –

Podres ares –

Mudança de planos,

Em suas mentes.

Delinquentes –

Tardios.

Maquiavélicas ideias,

Antagonismo surreal.

Sangue de inocentes,

Artigo descartável.

Momentânea comoção,

Corpos flagelados,

Roupas maltrapilhas.

Rastejando por migalhas,

Comida descartada –

Sobras no lixo.

A melhor das iguarias,

Enquanto isso na mídia,

Os poderosos no luxo.

Mesa abarrotada,

Incontáveis opções.

Na geladeira dos miseráveis,

Às vezes, nem água,

Que dirá o pão.

Olhos marejados,

A mãe como alimenta os filhos?

Na sordidez de muitos –

As vestimentas de grifes –

Nas ruas ou nos congressos,

Os desfiles.

O contraste da zona sul –

E da favela.

Aos olhos descortina,

Imperfeita aquarela.

Dualidade –

Dura e cruel realidade.

O retrato da ironia,

Pintam-o com a hipocrisia.

Corpos pretos –

A pele imaculada pelo racismo,

Tão vil e descarado.

Margeando a sociedade,

Intolerância desvelada.

No cotidiano a fragilidade,

Aprendendo a lidar –

Com a triste fatalidade -

O preconceito estampado.

Expulsos de lugares,

Abordados pelo sistema.

Nessa história –

Quem é o santo?

Quem é pecador?

O injustiçado?

O ceifador?

Cidadãos sem o direito a voz,

Muito menos a vez.

Tachados de bandidos,

Julgados e condenados –

Por dolorosa condição.

A justiça nunca feita,

Por vezes, tardia.

Comete-se os erros –

Ninguém repara o mal feito,

O passo em falso não tem pai.

Os pobres –

Sobrevivência –

Mesma ladainha,

Lamentos –

Antes os grilhões nas senzalas,

Agora no lugar as algemas.

Da prisão o abre alas,

De se defender, o impedimento.

Para os governantes,

Teatro sórdido.

Um prato cheio, a vitrine,

Inflando o egocentrismo.

Enquanto, subjugados –

Como gados –

Na boca a mordaça,

Nos olhos os arreios.

Manipulação da sociedade,

Almejando um alívio –

Infinitas dores.

Cicatrizes –

Geradas com o tempo.

Da sobrevivência,

O motivo para a existência –

Os dessabores.

O grito ecoando na essência,

É o mesmo preso na garganta.

Grandes multidões –

Em ambientes hostis.

O campo de concentração,

Diferentes são os algozes.

Impondo o medo –

Ameaçando o ir e o vir.

Na luta –

Por um pouco de dignidade.

Até quando existir a permissão,

Por ora, o toque de recolher.

Contando com a graça divina,

Se chegaremos ou não ao destino –

Impactante desatino,

Na labuta - A quem recorrer?

***

Blog Poesia Translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 18/02/2022
Código do texto: T7454827
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