Dando Letra
--Oi, Marcão, estou passando pra te lembrar daquela pendência, brother. Estou precisando desse dinheiro aí.
-- Boa tarde, Jorge. Tudo bem, cara? É o seguinte, eu já te avisei que a crise pegou, e tu 'continua' mandando mensagem, me cobrando. Tá pensando que sou caloteiro? Fica tranquilo, que quando der eu te pago.
--Marcão, é o seguinte digo eu. Quer saber você está me enrolando sim. Tem seis meses que você não me paga nem 1 real. Mas eu vou te mandar a real, mano. Você 'tá' falando é com homem, rapaz!
Eu não sou menino do prezinho e você não é cartilha, então, para de me dar letra.
E te digo mais, meu negócio né letra não, é número. E número é o que tenho na sua mão pra receber. Então, usa seu desaforo pra conseguir meu dinheiro.
Oxe! O cara deve e ainda quer dar uma de 'brabo'?!!
-- Calma, Jorge! Calma, cara. Só 'tô' te falando que pode confiar. Que o trem apertou pra todo mundo, mas vou te pagar, meu camarada.
-- Faz o seguinte, Marcão. Ao invés de mandar mensagem de texto, manda áudio ou vem falar pessoalmente, porque eu não te achei muito suave nas palavras, não. E vou te dizer de novo: Não adianta me dar letra, eu quero é número!
Nesse instante Betina entra na sala:
-- O que foi amor? Lá da cozinha eu 'tava' te ouvindo.
-- É o Marcão. O cara é trançado. Deve, não paga e não quer ser cobrado.
Betina, riu de lado, um riso de indignação, acenando a cabeça, solidária com o marido.