Quando eu partir
Quando partir –
Não quero mais voltar...
Para este lugar!
Aonde só enxergo a decepção,
Como combustível a ambição.
Vidas dilaceradas –
Jogadas ao vento –
Como papéis sem mais serventia.
Vejo pessoas vagando vazias,
Um desperdício de energia.
Cheias de futilidades,
Com corpos esguios, arrotando ignorância.
Barrigas cheias, sem olhar para os lados,
E não perceber no próximo – As necessidades.
Inúmeros são os invisíveis,
Amontoados pelas ruas ou em praças pública.
Em comum as mesmas histórias,
De falta de oportunidades, de incompreensão.
No estômago o ronco, deixando a cabeça tonta –
Tamanha desilusão.
O julgamento febril, insuflado de preconceitos.
No olhar sedento daqueles que estão de fora do problema,
Assistem como meros espectadores.
Há ainda aqueles que têm piedade,
Levando um pouco de conforto.
Enquanto, outros atiram pedras –
Os indesejáveis.
Quando partir –
Não quero mais voltar...
Para este lugar!
Não há nenhum resquício de remorsos,
Poluindo a atmosfera,
Exterminando qualquer ser vivo, por menor que seja –
O ser humano o maior de todos os predadores.
Não há o mínimo de zelo a quem deveríamos cuidar,
Animais em seu habitat –
Tidos como insignificantes.
Devastam –
Queimam –
Desmatam -
Em nome do progresso,
Sistema sórdido a serviço da involução.
A extinção do oxigênio –
Em alta o gás carbônico.
Mais para frente será o arsênio –
O que mais for letal.
Bombas nucleares – Montadas,
No futuro próximo – Detonadas.
Aniquilarão milhares de vidas,
Quem será o culpado?
Ninguém será responsabilizado!
Não sobrará nenhum malfeitor,
Diante do predestinado horror.
Quando partir –
Não quero mais voltar...
Para este lugar!
Aonde espalham-se:
O caos –
Em sofrimento e dor,
Não há alegria.
Somente a tensão de guerras,
Batalhas travadas dia a dia -
Cruciais.
Pela disputa do efêmero –
Ganância do poder –
Que não valerá de nada.
São vidas perdidas –
Dizimadas por motivos nefastos,
No cotidiano abrupto.
Onde inocentes nas estatísticas –
Transformam-se em números.
Quando partir –
Não quero mais voltar...
Para este lugar!
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Blog Poesia Translúcida