Manhãs de Domingo Movimentadas de Ontem

Manhãs de Domingo Movimentadas de Ontem

Ficava com a roupa de dormir até quase a hora de almoço no domingo, era sempre vestidos velhos largos, e de tecido leves que tinha em casa.

Não sei porquê, depois da busca peregrina, ainda persistia nos velhos costumes, dormir com roupas “decentes”.

Na casa de papai e mamãe. Depois dos trinta, levantava cedo com o barulho que o Louro provocava, o papagaio de estimação de mamãe, seguido do aroma do cafezinho recém saído do coador(de pano) , recém preparado pela matriarca.

Ouvia papai sair pouco antes de carro para ir buscar o pão de queijo, o pau a pique, e as rosquinhas de amendoim na Padaria da Dona Irene, e do mestre Robson.

Mamãe, arrastando os chinelos, andando entre cozinha e dispensa. Pegava o louro no poleiro para coloca-lo na garagem contígua a varanda frontal da casa.

Mamãe tinha uma íntima relação com o louro. Somente ela e outros poucos da família, tinham acesso ao carinho no bico e pena dele.

Mamãe era ímpar na amizade.

Ouvia cedinho da cama ele enquanto era levado para a garagem: “Oi Marzé!” “teu amor, teu amor, ó Cordeiro divinal”..., “Eu sou um cordeirinho!..., “Oi, Marzé!

Tão logo era instalado na garagem, num lugar alto, que dava a panorâmica a ele de toda a extensão da casa(varanda, cozinha e jardim), ao perceber afastar mamãe, que se dirigia a cozinha para fazer o café, começava a emitir gritos agudos INSUPORTÁVEIS!! Queria atenção( ou, talvez, era revanche dele, alarme para acordar os que estavam dormindo). Que ira!!

Levantava. Não tinha jeito! Sentava na varanda, e ficava perdida no olhar apreciando o nada.

As manhãs em Santo Antônio da Alegria, são únicas.

Não que a terra que moro, Ribeirão Preto, a que me acolhe incondicionalmente, não tenha meu coração para manter-me como morada principal. Santo Antônio da Alegria me assenta em um quê profundo que existe em mim, natural, o ar de lá, a comida, o queijo fresco, , o oi dos conhecidos, o barulho dos carros, dos cavalos e bicicletas passando nas ruas, os cachorros que encontro pelas ruas, a buzina das camionetas e carros antigos que percorrem na cidade. Tudo. Me absorve num agora único.

Foi dias antes...

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 13/02/2022
Código do texto: T7451301
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